quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Lembranças

     Mudanças dão muito trabalho, mas nos trazem boas lembranças. Enquanto empacotava minhas coisas encontrei um tesouro. Entre revistas, papéis e bibelôs perdidos estava uma caixa de sapato, velha, confesso, mas cujo conteúdo é de uma riqueza profunda.
     As recordações de uma adolescente podem ser mais interessantes do que muitos pensam. E eu reencontrei as minhas. Entre as lembranças (que não vem ao caso expor) encontrei um texto meio maluco cujo autor eu já esqueci quem é, mas gostei dele e vou reproduzir para vocês.
     Então deliciem-se com o texto e vivam uma pequena parcela da minha adolescência.


Memórias de um louco

     Era meia noite, o sol brilhava no horizonte de um lindo dia chuvoso.
     Um velho negro com sua cabeleira loira, sentado de pé em um banco de pedra feito de madeira, contemplava com os olhos fechados a beleza da natureza.
     Ao seu lado um cego lia um jornal sem letras e de cabeça para baixo. Na sua frente um paralítico corria com as lesmas em uma estrada deserta e sem fim enquanto lia as placas: “Pare! Fim da estrada!”, na velocidade de 10 cm/h.
     Pouco adiante um elefante descansava sobre a sombra de um pé de alface. À direita um mudo calado dizia: o mundo é uma grande bola quadrada que navega em uma poça de areia.
     Longe dali havia um bosque sem árvore no qual os passarinhos pastavam alegremente pelo ar e as vacas pulavam de galho em galho à procura de seus ninhos.
     E de seu lado sentado em um banco de pedra feiro de madeira um careca, enquanto penteava sua juba, dizia: “Os quatro profetas do mundo eram 3. Moisés e Elias!”
     Era meia noite, o sol brilhava entre as trevas de um dia claro que não parava de chover. Sentado de pé em um banco de pedra feito de madeira, calado dizia: “Prefiro a morte do que perder a vida!”

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pré-conceito


     Então né, olha eu aqui de novo...
     Hoje vou falar de um assunto meio batido, eu sei, mas que voltou pro topo das paradas de discussão: o preconceito.
     Já faz muitos anos que o preconceito é pauta de vááários debates, muitos já estão cansados de ouvir falar sobre isso. Eu mesma estava. Mas hoje parei para pensar. Talvez o preconceito seja um assunto tão trabalhado porque as pessoas preconceituosas são burras o bastante para não entenderem o recado da primeira vez.
     Então se você é uma dessas pessoas preconceituosas, vê se dessa vez entende: Você não passa de um babaca!
     Resolvei falar desse assunto depois de assistir aos últimos vídeos do Felipe Neto e do Pc Siqueira... concordo com a posição dos dois. Somos todos preconceituosos de alguma forma. Eu mesma tenho os meus preconceitos. A diferença é que alguns admitem isso e tentam lutar contra esse preconceito, que na maioria das vezes é imposto, ao invés de simplesmente dizem amém a ele.
     Acho válido que vocês assistam os vídeos. Os links estão no fim do post. Porém eu quero acrescentar algumas coisas.
     Continuando o tema do post anterior, acredito que quando falamos de preconceito estamos esquecendo de algumas coisas.
     Criticamos sempre os mesmos. Se tornou clichê. Porém não vemos que, algumas vezes, podemos estar defendendo o vilão. Nem só de negros e homossexuais se constituem as classes rejeitadas.
     Eu mesma fui alvo de preconceito e bulling por muito tempo, no nariz de todos, sem que ninguém fizesse nada. Ou vocês acham que o fato de minha pele ser extremamente branca nunca me gerou problemas?
     Falando em cor de pele, eu admito que os negros são quem mais sofre preconceito nessa sociedade hipócrita. Porém é preciso tomar cuidado. Afinal, vivemos em um país tropical, onde o mais bonito é o bronzeado. Eu não nasci com a dádiva do bronzeamento e por mais que tenha tentado, o máximo que consegui arrancar do sol foi uma pele super vermelha, algumas bolhas e o envelhecimento precoce.
     Apesar de não ser albina (outra classe que sofre preconceito e ninguém faz nada), eu não sou o tipo de pessoa que se chame dotada de melanina e, acreditem, tive muitos problemas por isso.
     A falta de melanina, unida à falta de dinheiro e o estudo em uma escola de filhinhos de papai fizeram do começo da minha adolescência um verdadeiro inferno. Shorts curtos eram proibidos pra mim. Biquínis então, nem se fala. Era muito mais fácil agüentar o calor coberta de roupas quentes e compridas à ter que ouvir piadinhas sobre minha pele ser mais branca que leite, ou iluminar mais do que o sol.
     Isso meus queridos, para um ser que se encontra no portal entre a infância e a adolescência, lhes garanto, não é nem um pouco saudável.
     Então o que deixo de conselho é o seguinte: preconceitos são ridículos e devemos sim discutir sobre eles. Porém devemos parar para pensar, ao invés de defender as pessoas que sofrem com o preconceito podemos estar transformando elas em mártires, em meros coitadinhos. Extrapolando na nossa defesa, podemos estar prejudicando e não auxiliando.

http://www.youtube.com/felipeneto
http://www.youtube.com/maspoxavida#p/a/u/1/cXciiN9fGs8

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Para pensar



    Depois de muito tempo sem postar, estou fazendo uma postagem pequena, porém é provavelmente a que carrega maior caráter ideológico. Peço desculpas pela minha ausência, prometo que logo logo serei mais presente.
    Espero que reflitam a respeito da tirinha.
    Abraços

sábado, 6 de novembro de 2010

Tropa de Elite osso duro de roer


       Depois de quase duas semanas sem postar, resolvi aparecer por aqui de novo... Primeiro peço desculpas pela minha ausência, espero que entendam, estou pirando de tanta coisa pra fazer.
       Hoje tinha programado falar sobre bulling, porém mudei de idéia depois de ir no cinema. Assisti Tropa de Elite 2 e não tem como falar de outra coisa se não sobre o filme.
       O filme é ótimo, superou toda e qualquer expectativa que eu tinha sobre ele. Super bem produzido, muito bem bolado, com sacadas ótimas e frases satíricas que quebram as pernas de qualquer um.
       Mas não quero me ater ao filme em si, e sim no tema tratado pelo filme. Mais do que nunca o Tropa de Elite se mostrou um filme de protesto, protesto ao tráfico, à falta de segurança e principalmente ao sistema porco e falho no qual vivemos e para o qual contribuímos. Esse sistema que bate com uma mão e afaga com a outra. Esquemas políticos que fazem qualquer coisa por um voto e alguns mil reais.
       E o pior é que nada adianta. Enquanto pensamos estar quebrando o esquema do sistema, nós só estamos fortalecendo ele ainda mais. O sistema é podre, a policia é podre, a política é podre. Nós somos podre.
       Assistam o filme, o post vai fazer mais sentido depois disso... Peço desculpas mais uma vez, o post não ficou tão bom quanto eu esperava, mas no meio recebi uma ligação e perdi o fio da meada...
       E não esqueçam de comentar e clicar nas pps...



segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Burocracia com nome e sobrenome


     Então galera, sei que fiquei meio ausente nos últimos dias. Quero pedir desculpa, mas é que estou numa correria gigante aqui...
     E também nem tenho internautas fiéis que acessam meu blog diariamente pra saber se eu postei coisa nova ou não, então tá tudo certo.
     A minha postagem de hoje está um pouco atrasada... na verdade está uma semana atrasada, mas mesmo assim vou contar a história.
     Tudo mundo já está cansado de ouvir, e também de falar, que a burocracia, principalmente no Brasil, é extremamente lenta. São muitos papéis para assinar, demora nos processos de se conseguir seja lá o que for...
     No meu caso a burocracia não era uma papelada enorme em cima da mesa, mas sim o horário de almoço de uma pessoa.
     Ta, tudo bem, todo mundo tem direito a um horário de almoço, mas antes de entrar nesse detalhe, vou contar o que aconteceu.
     Ganhei meu presente de fim de faculdade adiantado, um mês adiantado, o que foi bem legal. Meu presente foi uma câmera fotográfica semi-profissional, o que é extremamente necessário tanto para o meu trabalho quanto para eu terminar os TCCs (valeu pai!).
     Obviamente comprei ela no Paraguai, porque lá é bem mais barato do que aqui. Só que não está liberada a entrada de câmeras fotográficas paraguaias no Brasil sem pagar imposto. Então quando eu passei pela Receita Federal decidi fazer a coisa certa e declarar a máquina, diferente da maioria da galera, que passa por lá sem declarar nada.
     Mas eu decidi declarar, não só por ser a coisa certa a fazer, mas também porque quero viajar com a máquina e não quero ter dores de cabeça futuras.
     Parei na Receita, eles nos deram um boleto para pagarmos e ficaram com a máquina guardada com eles. Fomos até Mundo Novo pagar, porque é mais rápido. Fomos no galeto pra fazer tudo o quanto antes possível. Pagamos, voltamos pra Receita loucos pra ir pra casa.
     Qual a minha surpresa quando chego lá? A declaração só é autorizada na presença do auditor fiscal, o que é certo. Só que o auditor fiscal, o único que trabalha lá, estava no horário de almoço e iria demorar 45 minutos pra voltar. Nós, loucos pra ir embora, tivemos que ficar esperando até o cara voltar. O pior é que o cara se atrasou, levou uma hora para chegar.
     Eu acho certo as pessoas terem horário de almoço, todo mundo merece comer. Mas uma Receita Federal, na divisa entre Brasil e Paraguai, centro das muambas, só tem um auditor fiscal, e quando ele sai o lugar fica uma hora e meia sem ninguém para assinar os registros? Isso é muita sacanagem. Fiquei de cara. E outra, porque o policial não me avisou antes que o cara tava fora e iria demorar? Eu teria ido com mais calma pra Mundo Novo, teria tomado um sorvetinho... heheh
     No fim deu tudo certo, depois de eu ter passado uma hora na Receita Federal vendo os carros carregados de muamba serem parados pela policia, consegui a minha câmera de volta e fiquei suuuper feliz.
     O mais legal disso tudo (além de eu ter ganho a máquina, claro), foi ver a manha que os policiais tem pra saber onde as coisas estão escondidas. Cara, cada coisa que eles achavam nos carros... Tanto pneu um dentro do outro, tantos dvd escondidos que foram jogados no lixo... hehhe Essa parte até que foi divertida.
     A foto lá em cima é meio clichê, eu sei, mas foi tirada lá dentro do Paraguai enquanto eu testava a câmera.
     Galera, se gostaram comentem, se não gostaram, comentem também hehehe. E lembrem-se sempre: cliquem nas pps. Beijos

sábado, 16 de outubro de 2010

Espaço no tempo




     Cada vez mais o homem tenta aproveitar o máximo do tempo que possui. Construímos e adquirimos máquinas para fazer com maior rapidez desde a tarefa mais simples até as mais complicadas.
      Hoje vamos entrar no horário de verão, nessa passagem devemos adiantar o relógio em uma hora. É uma hora que perdemos no dia, ou na noite. Essa tentativa de aproveitar cada minuto da vida, unida com essa gora que desaparece do nosso relógio me faz pensar. Para onde vão as horas perdidas no processo de mudança de horários?
      Pergunto-me se essa hora vai para um espaço paralelo, o espaço da horas, e lá ela espera, programada, até o momento de acontecer.
      Não podemos mudar nosso destino, ele já está traçado. Essa uma hora, que aguarda ansiosa no submundo do tempo o momento de voltar para o nosso mundo, já está traçada, ela carrega consigo os acontecimentos pré-programados para aquela hora. Assim, quando retorna, nos devolve o que deixamos de viver.
      Partindo desse pressuposto, espero que, na transição de horários, minha hora esteja programada para viver uma festa!!!


Ps: lembrem-se de clicar nas pps.... beijos

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Chá Inglês


     Estou sem inspiração para postar. Como passei a semana toda praticamente só em casa trabalhando, não presenciei nenhuma situação que me inspirasse a fazer um post.
     Hoje estava assistindo televisão, fazendo meu artigo e pensei em chá inglês. Lembrei que os ingleses tomam chá com leite. Sempre achei isso beeem estranho. Mas tinha muita curiosidade de experimentar.
     Resolvi procurar a receita na internet, e não é que encontrei.
     Encontrei a receita do chá inglês no blog http://www.garotadorio.wordpress.com/. Não sei quem é a autora, mas parece que ela morou na Inglaterra e lá aprendeu a fazer o famoso chá com leite. A receita que ela passa é bem explicadinha e inclui frescuras como esquentar o bule com água quente, jogar essa água fora e usar outra água pra fazer o chá. Eu acredito que esse passo, caso ignorado, não vá mudar o sabor do chá, só altera a temperatura.
     Então, depois de ler a receita, decidi fazer o tal chá com leite. E não é que ficou bom. Ta, eu não tenho esse chá inglês que é sugerido na receita. Fiz com chá mate natural, mas garanto, ficou bom.
     A receitinha está ai em baixo... enjoy!

Passo a passo do chá Inglês:

1) Esquente o Bule: ferva agua e ponha no bule. Guarde o bule no microondas ou no forno. 

2) Ferva outra panela de àgua. Jogue a primeira água do bule fora e coloque a nova panela de água dentro

3) Coloque o chá (solto ou em saquinhos no Bule). NÃO MEXA O CHÁ. NUNCA, NEVER EVER! Deixe formar o “brew” por no mínimo 2 minutos. Quanto mais tempo mais forte o chá (e melhor na minha opinião). 

4) Na caneca coloque 1 dedo de leite frio (não precisa esquentar o leite). Depois despeje o chá sobre o leite. Nunca faça o inverso (colocar leite no chá), porque o chá vai esquentar o leite e o leite vai dar aquele gosto de lactose no chá. O certo é o leite esfriar o chá (entendeu a explicação científica?)

5) Adoce com açucar, mas ponha pouco, vc vai ver que com o leite você quase não precisa de açucar
Se for fazer o chá direto na caneca, faça tudo igual, mas direto na caneca. O ruim de fazer direto na caneca é quando você quiser o repeteco vai ter que fazer tudo de novo…


     Mas, como fazer sem saber o por que não vale, aí vai a histórinha compacta do chá com leite...

     Antes da revolução industrial as canecas de porcelana eram muito caras, por isso os operários tomavam o chá em canecas de barro. Só que o barro, pelo contato com o calor do chá, acabava rachando muito rápido. Para evitar o contato direto do barro com o chá, os operários ingleses começaram a colocar um dedo de leite frio antes, assim o leite resfriava o chá e a caneca não quebrava. Taraaaan... estava feio o chá com leite.
     Depois da revolução industrial as canecas de porcelana ficaram mais baratas, mas aí já estava feita a fama, e o chá com leite já era tradição entre os ingleses.


Ps: me dêem uma ajudinha, cliquem nas pps que tem ai em baixo e ai do lado... valeu! beijos!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

14 anos de memória


    Para o post de hoje deixo apenas uma singela homenagem à Renato Russo. Ele que foi um dos nossos maiores poetas e músicos, sendo comparado a grande nomes do rock internacional.
    Hoje completa-se 14 anos da morte dessa figura tão querida da música nacional. Deixo aqui a letra de uma das minhas músicas preferidas da banda liderada por Renato Russo.

Perfeição

Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado, que não é nação
Celebrar a juventude sem escola
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade.


Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e seqüestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda hipocrisia e toda afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã.


Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo o que é gratuito e feio
Tudo que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
(A lágrima é verdadeira)
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão.


Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isso - com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção.


Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão.

Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera -
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ídolos de vidro



    Certa vez me disseram que uma das coisas mais importantes para a construção do nosso pensamento são as referencias que adquirimos ao longo dos anos. Entre essas referencias estão livros, filmes, conversas, debates, e, é claro, nossos ídolos.
    Estes últimos, na maior parte das vezes, são vistos como deuses, seres intocáveis, que servem como modelo de vida. Podem ser provenientes da música, cinema, novelas, livros, etc. Mas podem ser também seres mais próximos a nós, como colegas, pais, mães, tios. E, porque não, podem ser compostos de entidades como prefeitura, escola e posto de saúde.
    Entre as experiências mais dolorosas para os seres humanos, exclui-se dessa lista os seres que estão previamente preparados para lidar com essa situação, está a desmistificação da figura do ídolo. Ou seja, é de extrema dor para o fã, quando seu ídolo se mostra diferente da imagem construída, principalmente quando o fã é agredido física ou verbalmente pelo ser que tanto idolatra.
    Posso falar isso, pois presenciei o desabafo de uma mulher, que no auge da sua dor, se lamentava pela ruptura da imagem platônica do ídolo.
    Aconteceu em uma pequena cidade do interior do Paraná. Aqui chamaremos de Palestina (sem referencias aos nossos irmãos do Oriente Médio, apenas pela similaridade sonora entre os nomes). Presenciei o choro desesperado de uma senhora, cujo ídolo principal é o prefeito atual e os órgãos públicos por ele coordenados. O choro provocado pela humilhação, pelo desprezo e pelo descaso que seus ídolos atiraram nela sem nenhum ressentimento.
    O choro desconsolado de quem necessita e procura ajuda, porém é desprezado pelas pessoas que mais admira. O choro causado pela indiferença perante a necessidade pública, perante a solidão de quem não tem mais com quem contar.
    Termino esse post com um trecho retirado do livro “O Advogado do Diabo” do escritor australiano Morris West. Recomendo o livro a todos.

    “Não é novidade alguma a gente ser solitário. Isso ocorre com todos nós, mais cedo ou mais tarde. Os amigos morrem, os membros de nossa família morrem. Amantes e maridos também. Ficamos velhos, doentes. A última e maior solidão é a morte, com que agora me defronto. Não existe pílula alguma que a cure. Não existe fórmula mágica que a afaste. É uma condição a que os homens não podem fugir. Se procurarmos afastar-nos dela, acabaremos num inferno ainda mais tenebroso: nós próprios. Mas se a enfrentarmos, se nos lembrarmos de que existem milhões de outras pessoas como nós... se procurarmos estender-lhes a mão e confortá-las, e não a nós próprios, acabamos por ver, no fim, que não estamos mais sozinhos. Estamos no seio de uma nova família, a família humana, cujo pai é Deus Todo-Poderoso...”
Morris West (1959, p. 173-174)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Eleições 2010


    Nós brasileiros nos orgulhamos de sermos os criadores da urna eletrônica. Vivemos nos gabando pela segurança que ela representa nas eleições. E o mundo inteiro aplaude nossa capacidade.
     Podemos até não ter políticos decentes, justos e honestos, porém temos a eleição mais segura e rápida do mundo.
     Será?
     O resultado das ultimas eleições me fez pensar a respeito de tanta segurança. Será que ela é mesmo verdadeira?
     Na segunda-feira li em um site noticioso o depoimento da candidata Mulher Pêra. Ela não obteve nenhum voto. Nenhum, ZERO, nada. Achei estranho, afinal de contas, quem seria burro ao ponto de não votar em si mesmo? Resolvi ler a matéria até o final.
     Segundo depoimento da própria candidata, ela, o marido e mais algumas pessoas da família votaram nela, porém os votos simplesmente sumiram.
     Não, não estou apoiando a candidatura dela. Nem faço idéia de quem seja essa pessoa. Porém, o sumiço desses 4 ou 5 votos me fez pensar: “será que foram só esses que sumiram? Será que o meu voto foi contabilizado?”.
     E você, é eleitor? Votou no domingo passado? Se você, assim como eu, também acordou cedo para exercer sua cidadania, um direito nos dado de graça e conquistado por milhares que morreram na mão de ditadores, pense um pouco. Como você se sentiria caso seu voto fosse simplesmente jogado fora?
     Precisamos de uma resposta. Aonde foram parar esses votos? Como nosso sistema de segurança máxima foi violado? Por que motivo? Assim como temos o direito e dever de votar, temos o direito de ter a resposta para isso e eles tem o dever de reparar o erro.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Temperamental


    Já que no post anterior eu falei sobre duas caras, neste vou falar de duplas personalidades.
    Falamos em dupla personalidade como sendo algo tenebroso, doentio, digno de psicopatas. Porém esquecemos que dentro de nós existem mais de um sentimento. Nos esquecemos que nem sempre somos bonzinhos, queridinhos. Quando queremos podemos ser ruins, e como podemos.
    Mas a dupla personalidade não aparece apenas quando queremos. Mudanças repentinas de humor são a minha expecialidade. Uma hora estou super feliz porque comprei um calçado novo, mas basta um telefonema para o mundo se tornar um lugar cinza mais uma vez. Nada que um bom banho seguido de um creme não resolva e tranforme o mundo em um lugar cheio de paz e calma novamente.
    Por que será que somos tão vulneráveis assim? Por que não conseguimos controlar nossos sentimentos?
    Talves a raça humana não seja tão poderosa assim a ponto de afirmarmos sermos os donos dos nossos próprios narizes....
  

domingo, 26 de setembro de 2010



  Nem tudo é o que parece ser! As aparências enganam!
  Frases prontas que nos rodeiam, mas por estarmos tão acostumadas a ouvi-las, muitas vezes não damos a elas a atenção que merecem, e nem sempre reparamos como elas são reais.
   Dizem também que toda conversa de bar acaba em grandes filosofias.
   Não quero aqui fazer filosofias ou apologias, mas conheci o poder das frases citadas observando o comportamento falso e fútil das pessoas em um bar. 
   Muitas pessoas vivem do parecer e se esquecem do ser. Vivem cheias de poses, tentando parecer algo que nem sempre são, sem se preocupar em ser apenas o que realmente são. Porém por mais que nos esforcemos para parecer ser, essa mascara um dia cai. 
   Quanto mais tentamos parecer, menos somos o que desejamos ser. Então porque se preocupar tanto com o que poderia ser e com o que os outros esperam de nós? Alguma hora esse quadro perfeito que pintamos de nós mesmo para os outros vai cair da parede, vai ruir e só o que vai restar é o que realmente somos.
   Quando isso acontecer, tudo o que conseguimos com a pose vai por água a baixo junto com essa falsa identidade. E quando tudo ruir o que vai sobrar? Pensem!
        Indicação do dia: http://www.tulipasdealgosao.wordpress.com/

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Janela


Hoje parei por um tempo. Olhei pela janela, mas não enxerguei apenas a rua, o céu escuro ou as pessoas começando a se recolher para dentro das casas. Através daquela simples janela lateral pude ver toda a minha vida, fazer um balanço de tudo o que já vivi e também do que vem pela frente. Fiquei contente com o passado. Agradeci por cada passo dado. Porém temi o futuro.
Ninguém pode adivinhar com exatidão o que vem pela frente, o destino é a mais incerta de todas as incertezas que permeiam a cabeça humana. Entretanto, sem tentar fazer previsões, algumas parcelas do destino podem ser vistas antes do tempo, afinal, fazemos planos.
E foram essas incertezas de um futuro próximo que me amedrontaram. Mais do que qualquer vestibular para os adolescentes, mais do que qualquer banca de monografia para quem está prestes a sair da faculdade, o futuro que vi estampado na minha janela causou-me um misto de alegria, ansiedade, medo e insegurança.
Pela primeira vez eu realmente parei para pensar no que vem pela frente. E pela primeira vez meus planos me assustaram. Não penso em desistir, mas não estou fantasiando de mais? Não será loucura largar tudo o que tenho, tudo o que recebi ou conquistei por mérito próprio, familia, casa, emprego, para tentar a sorte em terras estranhas, do outro lado do oceano, tentar viver com uma cultura completamente diferente?
Recomeçar do zero, para quem anseia independência, principalmente financeira, pode ser um passo incerto e muito complicado de dar. Porém, ao mesmo tempo, sinto que está na hora de dar um passo à frente, mesmo que isso signifique recomeçar do zero.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Politica não se discute


Defendo fielmente que política não se discute. Já fui de opinião contrária e defendia as minhas ideologias com unhas e dentes, porém hoje percebi que as pessoas são diferentes, pensam de formas diferentes e que isso é fundamental para o crescimento social, pois só assim se formam as contradições.
Entretanto hoje senti a necessidade de falar sobre política. Como não vou fazer discursos sobre a ideologia desse ou daquele partido, atacar a um candidato em especial ou salientar os méritos de um, acredito que não estou indo contra o meu princípio de não discutir política.
            Já faz alguns dias que tenho percebido que nenhum candidato apresentou uma proposta de governo realmente sólida. A maioria usa o tempo que dispõe para falar sobre pequenas atitudes que pretende tomar, como se elas fossem resolver a vida de alguém, ou então fazem propostas mirabolantes e impossíveis de serem cumpridas, e agem como se as pessoas fossem incapazes de perceber que aquilo tudo é matemática e politicamente inviável e jamais solucionaria nossos problemas.
            Como se essa já não fosse uma forma pouco esperta de gastar o curto tempo de que dispõe para fazer suas campanhas, eles parecem ter mudado de estratégia, não para melhor. Passaram a se atacar diretamente, um tentando mostrar o lado sujo do outro, como se não tivesse seu próprio teto de vidro. Assim, começa um circulo vicioso, o qual obriga a nós, eleitores a ouvir um monte de agressividades sem fundamento.
            Se a forma anterior de construir a campanha era pouco esperta, essa nova forma é mera burrice. Gastar o tempo tentando atingir o adversário não vai garantir votos para ninguém, pelo contrário, pode gerar perda de votos. Portanto fica aqui o meu recado. Candidatos, sejam espertos, saibam utilizar de forma inteligente os seus infames horários. E para os eleitores peço consciência, tomem cuidado, não se deixem iludir por falsas propostas impossíveis de serem realizadas, não se deixem enganar por ataques partidários sem fundamentos. Vamos cuidar do nosso país, temos sim o poder em nossas mãos.